Estudo com 89 comerciantes mostra grande preocupação dos empresários
Um levantamento realizado pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material de Construção, Maquinismos, Ferragens, Tintas, Louças e Vidros da Grande São Paulo (Sincomavi), entre os dias 14 e 22 deste mês, com 89 comerciantes, mostra uma grande preocupação dos empresários de material de construção em relação aos aumentos sucessivos de preços e a falta de produtos.
Nele, todos os consultados afirmaram ter sofrido com reajustes superiores a 6%, sendo que quase a metade (49%) estimou a elevação de preços em mais de 20% nos últimos 60 dias. O desabastecimento também atingiu a ampla maioria dos estabelecimentos do setor e não escolhe porte de empresa, afetando inclusive as operações de home centers.
Segundo o levantamento, a situação se revela bastante grave, pois várias linhas de produtos estão apresentando falhas na reposição há muito tempo. O estudo do Sincomavi mostra, também, que 96% das lojas tiveram problemas em setembro com a suspensão de vendas em função da falta de mercadorias.
Apesar da realidade estar presente nos mais diferentes segmentos, a liderança no desabastecimento permanece com o segmento de material hidráulico, mencionado por 76% dos comerciantes. Já os setores de elétrica, revestimentos, cimento e cal também contaram com destaque negativo.
Dessa maneira, a normalização parece ainda algo distante. O levantamento realizado pelo sindicato verificou que a expectativa da maioria dos comerciantes (46%) é regularizar a situação entre 30 e 60 dias. No entanto, boa parte deles afirma ainda não ser possível fazer uma previsão precisa (29%).
A euforia pelo aumento de vendas começa a dar espaço a uma preocupação justificada, já que 65% dos comerciantes afirmaram ter elevado o faturamento desde o início da pandemia: 26% tiveram mais de 15% de alta e 39% contaram com elevação de até 15%. No entanto, o resultado positivo não se mostra verdadeiro para todos: 19% registraram estabilidade, 11% queda de até 15% e 4% recuo superior a 15%.
O economista Jaime Vasconcellos comenta que a sondagem do Sincomavi confirma que o setor sentiu os efeitos de aquecimento da demanda após os primeiros impactos da pandemia, ainda que em setembro tal cenário tenha se mostrado menos favorável que nos meses anteriores.
“A oferta da indústria de materiais de construção não conseguiu acompanhar a alta procura dos clientes no varejo", diz. Em muitos casos, segundo Jaime, é reportada inclusive a falta de matérias-primas. “Sem contar os efeitos do real desvalorizado, que barateia exportações e leva parte da produção interna ao mercado internacional, pressionando ainda mais os preços”, adverte.
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